Procura menor por carros elétricos em países ricos leva marcas a reverem estratégias
Público em mercados desenvolvidos está aderindo aos carros elétricos em uma velocidade bem menor do que a prevista por muitas fabricantes
César Tizo - fevereiro 23, 2024
Enquanto, aqui no Brasil, pesquisa recente da KPMG aponta que 89% dos brasileiros consideram adquirir um carro elétrico, a situação em mercados desenvolvidos é outra.
Já relatamos aqui no Guru dos Carros como a baixa procura por carros elétricos usados em regiões como Europa e China está abalando a receptividade desses automóveis também entre os veículos 0 km.
A falta de liquidez para os automóveis elétricos de segunda mão está resultando em uma brutal desvalorização dos mesmos, levando até alguns proprietários na China a abandonarem seus carros.
Devido ao novo cenário, marcas que antes consideravam a migração completa dos seus portfólios para a propulsão elétrica começaram a rever seus planos.
O caso mais recente foi observado na Mercedes-Benz. A marca premium alemã anunciou nesta semana que, ao contrário do que estava previsto, seguirá comercializando modelos a combustão e híbridos ao longo da próxima década.
Em suas novas projeções, a Mercedes-Benz estima que os automóveis eletrificados, sejam eles híbridos ou puramente elétricos, deverão responder por cerca de metade de suas vendas a partir de 2030, época que, até então, a empresa estimava oferecer apenas veículos movidos a bateria.
Mercedes-Benz: revisão no ritmo de vendas de carros elétricos; acima o conceito Vision EQXX
“Nós teremos uma nova linha de veículos em 2027, a qual nos levará à década de 2030. Os híbridos plug-in permanecerão relevantes”, delcarou Ola Källenius, presidente do conselho da Mercedes-Benz, durante coletiva de imprensa recente.
Outra gigante do setor automotivo, no caso a GM, também vai revisar o ritmo de adoção da propulsão elétrica.
A empresa norte-americana, que havia baseado seu portfólio futuro em automóveis a bateria, já admite a necessidade de rever os planos.
Durante a apresentação dos resultados financeiros mais recentes da companhia, a CEO da General Motors, Mary Barra, deixou claro que a companhia vai rever o volume de produção de seus elétricos para se adequar à realidade da demanda.
Defensora ferrenha da transição direta dos carros térmicos para a propulsão elétrica, Barra admitiu no evento em questão que a GM deverá retomar o desenvolvimento de híbridos.
Blazer EV e Equinox EV: elétricos da Chevrolet serão lançados neste ano no Brasil
“Nossos planos futuros incluem levar a tecnologia híbrida plug-in para veículos selecionados na América do Norte. Estamos cronometrando os lançamentos para cumprirmos os padrões mais rigorosos de economia de combustível e emissões de escapamento que estão sendo propostos nos EUA“, detalhou a CEO da General Motors.
Ainda segundo Barra, híbridos seriam bem mais “eficientes economicamente” uma vez que a empresa conta com a tecnologia em outros mercados. A nova geração do Chevrolet Equinox, por exemplo, conta com uma versão híbrida plug-in na China.
A Ford, por sua vez, foi uma das marcas que não abraçou de vez a migração para os elétricos e obtém grande sucesso comercial nos EUA com modelos como a Maverick Hybrid.
Recentemente, a empresa anunciou um novo foco para o longo prazo em sua estratégia de automóveis puramente elétricos, apostando em modelos mais baratos como uma tentativa de atrair os clientes.
Portanto, ao que tudo indica, a febre dos carros elétricos poderá até se acentuar aqui no Brasil no curto prazo por conta da chegada de modelos mais acessíveis, tais como o BYD Dolphin Mini, porém a “ressaca” observada nos mercados mais maduros deixa claro que a adoção generalizada da tecnologia está longe de ser tão rápida quanto muitas fabricantes esperavam.
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