Associação alerta para “grave retrocesso” em mudanças nas regras do imposto de importação
Para Abeifa, mudanças nas regras tributárias podem acarretar em impactos negativos para o setor automotivo e consumidores
César Tizo - julho 13, 2024
A Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores) se manifestou contrária ao recente pleito de retomada imediata do imposto de importação de 35% para veículos híbridos e elétricos. A partir de janeiro deste ano, o governo voltou a cobrar, de maneira escalonada, o tributo para veículos eletrificados importados ao Brasil. As alíquotas, de acordo com a regra vigente, serão gradualmente recompostas até os 35% em julho de 2026.
A Abeifa, por sua vez, defende a previsibilidade nas políticas industriais do setor automotivo brasileiro, argumentando que mudanças abruptas prejudicam clientes e consumidores, que têm direito ao acesso a tecnologias de ponta.
Marcelo de Godoy, presidente da entidade, alerta sobre o risco de um grave retrocesso no setor automotivo. “Medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são sempre ineficazes. A médio e longo prazos, são prejudiciais a toda a cadeia automotiva e especialmente ao Brasil,” analisa o representante da Abeifa. Ele destaca que as importações incentivam a competitividade de tecnologias e preços, desafiando montadoras locais a melhorarem seus produtos e aumentar as exportações.
Em declaração realizada no mês passado, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, foi duro em suas críticas ao avanço das importações em segmentos relevantes do mercado brasileiro. “Continuamos reféns das importações. Elas atacam a nossa competitividade, agora e no futuro. Se o Brasil quiser ser um grande competidor, precisamos analisar as importações com viés de preocupação. Com este volume crescente, hoje é um risco para nossa indústria“, citou o representante das montadoras instaladas há mais tempo no Brasil.
O presidente da Anfavea pontuou ainda que a situação atual no Brasil pode ser observada como um reflexo de discussões semelhantes nos Estados Unidos e na União Europeia, que implementaram barreiras contra veículos elétricos importados de marcas chinesas alegando subsídios desleais.
Em outro pleito, a Abeifa se opõe à inclusão dos veículos elétricos no imposto seletivo da reforma tributária e à exclusão desses modelos da isenção do IPVA no Estado de São Paulo, que beneficia apenas veículos híbridos movidos a hidrogênio ou etanol. “Veículos elétricos são reconhecidos mundialmente como uma solução para a redução das emissões de gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos,” argumenta Godoy. “Ignorar essa categoria no incentivo fiscal demonstra falta de alinhamento com as tendências globais e compromissos ambientais do Brasil.”
Crescimento nas vendas
Apesar das preocupações com políticas fiscais, as dez marcas filiadas à Abeifa registraram crescimento nas vendas. Em junho, foram licenciadas 7.979 unidades, um aumento de 3,2% em relação a maio e um impressionante crescimento de 231,4% comparado a junho do ano passado. As vendas de veículos importados aumentaram 3,3% em junho, enquanto a produção nacional registrou uma alta de 2,1%.
No acumulado de janeiro a junho, as associadas à Abeifa somaram 45.766 unidades vendidas, um crescimento de 223,9% em relação ao mesmo período de 2023.
Em junho, as associadas à Abeifa representaram 3,94% do mercado total de automóveis e comerciais leves, com uma participação de 3,86% em veículos importados e 0,07% em unidades nacionais. Nos primeiros seis meses do ano, as 45.766 unidades emplacadas correspondem a um marketshare de 4,25% do mercado interno brasileiro, que totalizou 1.077.062 unidades.
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